Há mil anos atrás, ou seja, faz tempo, o velho continente, a Europa, atravessou uma era por muitos chamada de Era das Trevas, que o pessoal da Inquisição prefere lembrar como os "bons tempos", e para Hebe Camargo, seria algo que remonta a sua própria infância; tal período foi denominado Idade Média, por estar no meio de outros dois momentos humanos, sem ter grande importância justamente por estar no meião, mais ou menos como o Grêmio Prudente na tabela do Campeonato Brasileiro. Tal era, a Idade Média compreendeu o período após a queda romana diante dos bárbaros liderados pelo sempre audaz e valente Asterix. Até o momento em que o pessoal do Império Bizantino não segurou a turcaiada e deixou a capital, tornando Constantinopla um antro de comércio árabe.
A Idade Média preencheu um período de mil anos na história europeia, pois esse negócio de Idade Média só se aplica aos gringos. No resto do mundo, esse mesmo período teve outros nomes: no Brasil por exemplo, foi chamada era pré-Colombiana, ou seja, anterior à chegada de Colombo e todo aquele pessoal da Espanha que só seviu para espalharsífilis. Voltando ao assunto, nesse período a Igreja Católica reinou soberana, mandava, desmandava, queimava quem enchia o saco, uma ótima época para os padres que, segundo eles próprios, cumpriam as ordens do Altíssimo ao saírem comendo, matando e torturando. A Idade Média foi o momento mais "Sexo, Drogas e Rock'n'Roll" que o clero teve. A política estava nas mãos deles, podia haver reis, suseranos, vassalos, mas a única instituição consolidada era a Igreja, que tinha terras e se o MST ousasse tocar nelas, o bicho pegava, pois eles estariam indo contra a ira divina. O papa era como um faraó, o enviado fodástico de Deus que devia ser obedecido, essa era a mentalidade da época, temia-se e creditava-se muito a Deus. E ninguém se atrevia a pôr nada na conta de Sua Santidade.
O poder sobre a sociedade era exercido pela Igreja e a cultura era a que a Igreja pregava, a tradição judaico-cristã era a base cultural da época, havia alguns elementos herdados dos bárbaros, mas o básico era o que estava escrito na Bíblia. Ninguém duvidava que Moisés abrira um rio ou que Adão e Eva existiram e que cometeram incesto, se bem que Eva era a costela de Adão e eles tiveram filhos, logo foi uma punheta reprodutiva ou, ainda, algo meio assexuado, mas enfim, isso era o que todos acreditavam. O ponto é, na Idade Média a cultura e o poder sobre a sociedade eram da Igreja, sob as asas dessa grande galinha repousava a Europa dentro do seu ovinho lá, quietinha.

A Idade Média foi uma época de festa para a Igreja Católica.
Falando de economia convém lembrar que na Idade Média isso, como diria o glorioso Padre Quevedo "Non Ecziste". Economia da Idade Média era irrelevante, cada feudinho era uma fazenda autossuficiente que estava pouco se fudendo para os outros e se sustentavam por si só, coisa que hoje em dia a maioria dos caras de 30 anos não consegue.
Mas e daí? Como tudo na história muda, a sociedade medieval também mudou. A Europa ficou lá, sob a galinha choca que era a Igreja até que o ovo quebrou e nascia um pintinho amarelinho imortalizado naquela canção do Gugu, esse pintinho aos poucos foi se desgarrando da galinha, e pode-se dizer que esse momento em que nasce o pintinho, nessa alusão grotesca é o Renascimento, após ficar lá imutável por longos 1000 anos a Europa mudou. E o pintinho podia inclusive ser visto nas representações humanas de Leonardo e Michelangelo, que mais pareciam relatos sobre os japoneses então recém-contatados no século XVI, dado o tamanho do pintinho.
Essa mudança foi bem lenta, mais que fila do INSS, começando com o fim das invasões bárbaras no século X. Nessa época, os vikings, hunos e IP's vândalos decidiram que já estava chato ficar saqueando todo mundo, e com o fim das guerras sobrou comida, a plantação não sendo destruída pelos filhos-da-puta que eram os bárbaros e sobrou mantimentos; fazer o quê com eles? Ocorreu o seguinte:

Típico cartaz católico do Renascimento. Naquela época a Inquisição curava tudo e se o cara não se curasse
...
Estou com ervilhas sobrando.
Camponês aleatório do feudo A.
Estou com jacas em excesso.
Camponês aleatório do feudo B.
Estou com filhas sobrando.
Camponês aleatório do feudo C. Sem bárbaros para destruir plantações ou raptar mulheres, a solução para o excesso foi algo super-original, nunca antes imaginado: decidiram negociar; renascia o comércio, o cara do feudo A chegava com ervilha no feudo B e arranjava jacas e o do feudo B ia no feudo C e trocava jacas por garotas e assim ia, voltava o comércio e a prostituição. Aos poucos o pessoal foi vendo que negociar era legal, todo mundo mandou os cavaleiros para o espaço, agora o esquema era upar para virar comerciante, depois ferreiro e ficar carregando a carrocinha entupida de tralhas para lá e para cá feito um retardado, mas nesse novo momento um outro ser teve outra ideia revolucionária, algo surreal, inimaginável. Imagine se houvesse um lugar onde o comércio fosse fixo, as pessoas iam lá comprar, nada de ficar andando com a mercadoria. Eles fundaram a Rua 25 de Março fizeram isso, e renasciam as cidades.
Bem, nesse momento renasciam o comércio e as cidades, mas e os nobres? Eles não eram comerciantes, eles eram os donos dos feudos que agora sofriam com o êxodo rural. Todo mundo queria migrar para a cidade grande onde se amontoariam em barracos, surgindo as favelas da época, mais ou menos como os nordestinos no Brasil. A diferença é que não tocavam funk, preferiam ainda um canto gregoriano de algumcara castrado. Voltando aos nobres, os feudos esvaziavam-se, a vida agora era ligada à cidade, os nobres iam perdendo espaço para os comerciantes, eles conseguiam níveis cada vez mais altos e a situação ia de mal a pior, logo os comerciantes adquiririam um server próprio, algo devia ser feito. Para salvar a nobreza, foi feito o seguinte: A cidade estava localizada nas terras de alguém, portanto esse cara mandava, esse cara era o rei, o poder político e econômico agora estava nas mão dele, essa pessoa, o nobre mais poderoso era o que conciliaria todos os nobres e unificaria o país sob sua bandeira, era algo meio War ele tinha seu objetivo e ia traçando e conquistando com seus dadinhos. Com isso a nobreza estaria protegida dos terríveis burgueses.
Agrupando territórios, assim foi o nascimento do Estado Moderno.
Contra burguês vote 16!
Lema dos nobres no século XIV, posteriormente plagiado pelo PSTU. Balanço sobre essas mudanças: Política nas mãos do rei e da nobreza; economia na mão dos comerciantes; havia um novo ambiente, as cidades. Tudo mudou. A Igreja sentiu o baque, perdeu força, não era mais a carta Super Trunfo do baralho.
Mó puta falta de sacanagem o que fizeram com a gente.
Padre fã do Restart do século XIV sobre as mudanças. Se o meio mudou, a sociedade que nele habita muda, é algo automático que nem você quando troca de escola, tem que se adequar ou será vítima de bullying e poderá acabar de forma muito triste, tendo como único amigo aquele moleque asmático que senta na primeira cadeira. A sociedade europeia precisava de uma mudança mental, tempos novos significam uma consciência nova, nova forma de se ver o mundo, nova percepção, nova arte. Para isso, votem no Senhor dos Castelos.